#59 | Classificação Made in Cotia
Menino Lucca transforma a noite e garante São Paulo nas oitavas da Libertadores
Cotia é a afirmação de uma identidade e a esperança de uma torcida.
É preciso entender o que temos, o que somos, o que podemos ser.
Proteger, abraçar, cuidar.
Cotia é ponto de encontro.
Cotia é o São Paulo Futebol Clube.
O relógio aponta 44:47 da etapa final quando Pablo Maia recebe a bola. Antes mesmo de tocá-la, o volante já sabe o que fazer.
Cercado por três jogadores do Libertad, domina e logo abre à esquerda, para o menino da camisa 45.
No bico da grande área, o garoto com espinhas no rosto e cabelo raspado cola a redonda ao pé direito e prepara a investida.
Cinco toques, um drible seco e o chute rasteiro.
GOL!!!
Aos 44:53, o Morumbi explode.
Empate e classificação com selo Made in Cotia.
Exatos 46.996 torcedores extasiados pelo feito de um jovem de 17 anos e 334 dias.
Lucca.
“Eu tô aqui por esses momentos. Cotia está aqui pra esses momentos”, disse, com desprendimento adolescente, ainda aéreo com o que acabara de protagonizar.
Uma noite de Libertadores da América no Cícero Pompeu de Toledo.
“No se vive de nostalgias, ni de recuerdos, sino de porvenir”, disse José “Pepe” Mujica, um dos seres humanos mais extraordinários a passar por aqui, que se despediu dessa dimensão na terça-feira, dia 13.
“Não vivemos de nostalgia ou de memórias, mas sim do futuro.”
Cotia é o futuro.
Cotia é o São Paulo Futebol Clube.
Faltam 6 jogos para a pausa.
🔴⚪⚫
Mais Lucca e “Pepe”. Os grandes Felipe Ruiz e Lucca Bopp também escreveram belíssimas palavras sobre o menino de 17 anos que surgiu e o senhor de quase 90 anos que partiu. Recomendo a leitura.
Alisson. Pela primeira vez, aparece nessas notas por motivo negativo. Entrada imprudente e violenta, que causou a merecida expulsão aos 16 minutos, tirou o ímpeto inicial do time, apagou o fogo das arquibancadas e dificultou uma noite que parecia fadada à comunhão entre jogadores e torcida - que até aconteceu, em parte, pelo feito de Lucca. Gigante, Alisson pediu perdão ainda na saída do campo, foi aplaudido e voltou a se desculpar nas redes sociais.
Marcos Antônio. Na ausência do parceiro, o camisa 20 se multiplicou. Marcou, correu, desarmou, armou, liderou e jamais se escondeu. Partidaça de um jogador hoje imprescindível.
Oscar. Boa estreia do “veterano” Made in Cotia em Copa Libertadores. O vermelho de Alisson fez com que recuasse para exercer outro papel de meio-campo. Com experiência, controlou o jogo e cadenciou o ritmo.
Bola aérea. Mais um gol sofrido em bola parada, em falha de André Silva na marcação. Não pode.
Ferreirinha. De novo, perdeu gol cara a cara, em linda jogada individual, logo aos 3 do segundo tempo. Não dá para desperdiçar!
Cédric. Do início ao fim, uma jornada terrível do português. Confuso, tomou decisões equivocadas e errou muitos passes, fora da curva do que vinha mostrando. Para completar, deu um chutão tenebroso para cima e fez a falta que gerou o gol dos paraguaios, aos 29 minutos.
Extra. "Esse elenco tem algo extra que sinto no coração. Esse time tem um extra que nos vai levar a coisas muito lindas. Não um jogador, nem de Cotia nem os experientes, todos juntos. Temos algo mais que bons jogadores”, disse Zubeldía na coletiva. Alma. É isso que esse elenco tem. E o treinador é muito responsável por esse nobre caráter.
Muito bom!
Um dia memorável.