

Se “uma imagem vale mais que mil palavras”, as fotos de Rubens Chiri sintetizam o que foi a coletiva de apresentação de Hernán Crespo, nessa terça (24).
Em pouco mais de 40 minutos de entrevista no Morumbi, o argentino de quase 50 anos - assopra velinhas em 5 de julho - orbitou entre o sorriso e o siso, o sonho e a realidade, o céu e a terra.
“O que sonho? Vim aqui ganhar. Quero ganhar. Vamos poder? Vamos ver. Começando por competir bem e ganhar partidas, construir uma oportunidade. Mas hoje a realidade é ganhar jogo, estarmos preparados para a oportunidade de vencer.”
De um lado, incorporou o peculiar personagem Winston Wolf, vivido por Harvey Keitel em “Pulp Fiction”, como um “resolvedor” de problema, palavra que repetiu mais de 30 vezes.
“Quando vem um treinador, é para solucionar problemas, porque se não há problemas o treinador segue. Sei que há problemas. Tenho de identificar e solucionar.”
Do outro, se emocionou ao falar do encantamento com o Clube da Fé, e deixou o lado sonhador tomar conta, como na música de Leandro e Leonardo.
“Falei recentemente que é um lugar mágico. Não tem uma explicação. Não sei o que tem. Sabemos que a história é importante e todos conhecemos, mas há algo na mente de quando se chega ao estádio que te atravessa. E fica lá dentro. Se me permitem sonhar? Gostaria de estar ao lado de Telê, de Muricy (na história). Se vamos sonhar, vamos sonhar grande. Mas está difícil.”
A urgência de vencer tem nome e sobrenome, Campeonato Brasileiro, em que o São Paulo ocupa o incômodo 14º lugar, com 12 pontos, a apenas 1 do Z-4.
“O primeiro que tenho de fazer é viver o dia a dia, partida a partida. Vejo uma urgência, que é o Brasileirão. Tratar de competir e ganhar pontos em função de ficarmos tranquilos.”
No horizonte, uma tabela complicadíssima: Flamengo (fora), Bragantino (fora), Corinthians (casa), Juventude (fora) e Fluminense (casa).
“Bem-vindo ao Campeonato Brasileiro. Porque é assim. Todos os jogos são muito difíceis. Se o Brasileiro não é o mais difícil do mundo, está muito perto disso.”
Criar uma identidade com a qual a torcida se sinta representada foi outro ponto de destaque da apresentação, sobretudo pela cizânia dos últimos tempos, tanto nas arquibancadas quanto nas redes sociais.
Uso de jovens de Cotia (“futebol não tem documentos”), grandeza do clube (“É São Paulo. Aqui tem de estar pronto, sempre) e o perfil conciliador (“Não gosto do conflito. Então, trato de viver em serenidade”) também foram abordados pelo “novo-velho” técnico.
Que ele possa transformar a realidade tricolor em bonitos sonhos. De preferência, em formas de taças.
Números da primeira passagem
Crespo
57 jogos
24 vitórias
21 empates
12 derrotas
93 de 171 pontos
Aproveitamento 54,4%