
Rafael sai curto com Alisson, que lança de canhota para o pivô de André Silva. O camisa 17 escora e recua a Marcos Antônio, que toca e recebe de Cédric. Giro esperto do volante e passe quebra-linhas a Matheus Alves.
Livre de marcação, campo aberto à frente, o meia progride em velocidade, já esquadrinhando as possíveis opções. À sua direita, o companheiro de base, Lucas Ferreira, é a “bola de segurança”. Em projeção, adentrando pela esquerda da grande área, André Silva é o passe difícil, a tacada de sinuca que requer perfeição e precisão dos bons.
Alves ergue a cabeça, mira a pelota e desfere a chapada com o pé direito. A redonda atravessa a área, passa por dois defensores do alvinegro praiano e encontra o peito da canhota do centroavante e as redes de Gabriel Brazão. São Paulo 2 x 0 Santos.
“Foi um lance treinado, já estava tentando fazer essa transição, e hoje saiu minha primeira assistência no profissional”, disse o camisa 47, eleito o melhor em campo, com justiça.
O cronômetro marcava 22 minutos de jogo, e somente um time se fazia presente no Morumbi tomado por mais de 52 mil pessoas. A energia e a vitalidade da dupla Alves/Ferreira contagiavam o conjunto todo. O adversário não respirava, abafado sempre por 2 ou 3 tricolores em toda e qualquer disputa de bola.
Um pênalti bem discutível anotado por Wilton Pereira Sampaio, sem checagem no VAR, colocou o Santos novamente no jogo, no finalzinho do primeiro tempo.
A segunda etapa teve o adversário em cima, tentando furar o bom bloqueio defensivo do São Paulo, com firmes atuações da dupla Ruan e Sabino. Os contra-ataques já sem tanto gás deixavam o Peixe em alerta de um golpe fatal tricolor.
Aos 17, novo absurdo da arbitragem em campo e na cabine: penal escancarado de Brazão e Alves, completamente ignorado. O time da Vila se lançou ainda mais ao ataque, em busca do empate.
No fim, Rafael fez mais uma defesa absolutamente monumental em cabeçada de Thaciano, para garantir a primeira vitória no Brasileirão.
Na marra, no peito e na raça, e com o brilho de Cotia - sempre ela! -, o almejado triunfo de alívio para Zubeldía veio no domingo de Páscoa.
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8 ou 80. Sinal dos tempos, o debate em torno de Luis Zubeldía é mais um tragado pela polarização apaixonada. No meio do caminho, há bons e ponderados argumentos para a manutenção ou para a demissão. Qualquer que seja a sua opinião, convido a assistir um chamado à reflexão do jornalista Raí Monteiro, no Arquibancada Tricolor. É preciso sair da armadilha do 8 ou 80.
Rafael. Cadeira cativa nestas notas, há pouco a acrescentar sobre a importância do goleiro ao time. Segurança nas horas agudas, defesas milagrosas nos grandes jogos, Rafael é gigante.
Marcos Antônio. Participou dos dois gols, marcou, correu, entregou. Mais uma grande partida do meio-campista, para reafirmar a titularidade absoluta.
Ferreirinha. Sem os lesionados Oscar, Lucas e Calleri, além do atual reserva Luciano, o ponta tomou conta do protagonismo. Hoje, é um pilar do grupo de Zubeldía.
André Silva. Agora centroavante titular, o camisa 17 teve excelente atuação, com direito a bonita comemoração no escudo do Clube da Fé.
Calleri. “A lesão dele é uma dor imensa para nós. Há lesões e lesões: musculares, ligamento de curto prazo... Quando falamos desse tipo, dói a alma. Falei com ele. Eu fiquei três anos em um consultório tentando voltar quando era menino e é uma situação muito difícil. É um gladiador, muito querido e vai voltar e bater recorde na Libertadores, fazer gols e voltará ao nível que queremos”, resumiu Zubeldía, sobre o drama do camisa 9. Em breve, falaremos mais de Johnny por aqui.
Que a aparente serenidade do comando do futebol se confirme; Zubeldia é um ser humano diferente no mundo do futebol e será um acerto sem precedentes mantê-lo. Ele é talhado para um trabalho de longo prazo……Que essa serenidade se confirme!!