Com olhar compenetrado, braço direito estendido, o camisa 25 aponta ao treinador e bate no peito: “Esse é pra você”, parece dizer, antes de saltar no colo de Luis Zubeldía.
É a senha para o abraçaço de reservas e titulares em torno dos dois.
O gesto sincero e generoso de Alisson sintetiza clara e inequívoca mensagem do elenco ao técnico: “Estamos contigo!”.
Cena para marcar a bravíssima noite do São Paulo contra o Talleres, uma vitória de muitos significados e feitos históricos, como o fim do tabu em Córdoba, onde o Clube da Fé havia provado somente o gosto amargo do fel.
“Libertadores é um pouco de rendimento e um pouco de contundência”, resumiu Zubeldía sobre o torneio que parece talhado à imagem e semelhança de sua personalidade.
Em 9 jogos no comando do tricolor na competição, 5 vitórias e 4 empates, 11 gols marcados e apenas 2 sofridos. O cartel de três triunfos longe do Morumbi colocam o portenho à frente de nada mais nada menos que Telê Santana, com apenas dois resultados positivos fora de casa em 30 jogos, ambos em 1992 - ver comparativo abaixo.
Vitória gigantesca para lavar a alma e, mais uma vez, calar a histeria raivosa dos insensatos.
Vitória de e para Luís Francisco Zubeldía.
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Enzo “Jofre”. “Enzo parece um lutador de boxe peso galo. Parece feito de pedra”, disse meu irmão mais velho. “Enzo Jofre”, completou o mais novo. Impressionante a solidez e a fibra do argentino, essencial no 1 a 0 contra o ex-time. Dono da lateral-esquerda.
Robert “Keef” Arboleda. Nosso zagueiro rock and roll encarna a lenda stoniana da guitarra. Volúpia, luxúria e atitude. Monstro.
Luiz Gustavo. Atuação redentora do veterano camisa 16, ainda um pouco fora de ritmo, mas abnegadíssimo na marcação e perseguição dos adversários.
Alisson. Além do gol, que ele estava merecendo, o “todo-campista” manteve a cadência do time em alta frequência. Joga muito e por todos.
Oscar. No sacrifício, mais recuado e amparado pelos volantes, foi fundamental para segurar a bola em momentos-chave, além de ter dado lindo passe para o gol anulado de Calleri.
Calleri. A zica ainda não foi embora, mas o camisa 9 deixou tudo em campo, como de hábito. “Hoje gostei muito da entrega, de jogar de um jeito argentino. Quando os caras batiam em nós, nós batíamos neles. Estávamos muito confiantes. Fizemos um grande jogo”, disse, depois do jogo.
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Retrospecto na Copa Libertadores.
Telê Santana
30 jogos
16 vitórias
2 fora de casa
2 em 1992 (3 a 0 contra o San Jose e 1 a 0 contra o Nacional)
Nenhuma em 1993
Nenhuma em 1994
7 empates
6 fora de casa
2 em 1992
2 em 1993
2 em 1994
7 derrotas
TODAS fora de casa
3 em 1992
2 em 1993
2 em 1994
Luis Zubeldía
9 jogos
5 vitórias
3 fora de casa!
2 em 2024
1 em 2025
4 empates
2 fora de casa
Temos que comemorar nossas pequenas conquistas. Poderia ter jogado melhor? Claro que sim! Mas não podemos deixar de perder de vista que foi uma vitória na estreia, contra um time que jamais havia sequer empatado na Argentina! E com toda a pressão que cercava Zubeldia!
Vamos, São Paulo, carajo!
Vamos!!
Um abraçaço!