#35 | Estoicismo (e resultados) contra a histeria
A postura do técnico diante da onda raivosa
10 jogos, 4 vitórias, 4 empates e 2 derrotas.
3 clássicos, 1 vitória, 1 empate e 1 derrota.
14 gols marcados, 10 gols sofridos.
53,3% de aproveitamento.
Pelos números, pode-se dizer que o início da temporada 2025 do São Paulo é regular e aceitável.
Houve momentos de excelente futebol, como nos duelos contra Corinthians e Mirassol, outras boas atuações (Guarani e Portuguesa) e também performances instáveis, abaixo da crítica, como nas derrotas para Santos e Bragantino.
Para um começo de ano, justificável e até natural.
Para os ansiosos e irascíveis tempos atuais, inadmissível e trágico.
Uma época maluca de emergência colérica, na qual ressentimentos, recalques, incoerências e julgamentos definitivos são regurgitados em doses industriais no implacável tribunal da internet.
"Técnico covarde", "professor Pardal", "não varia o esquema tático", "não dá sequência para fulano", "não usa a base" são frases costumeiras das timelines tricolores.
"Fora Zubeldía!", sentencia o algoritmo.
Formada por twitteiros, youtubers, influencers, comentaristas e "comentaristas", entre outras "ilustres" figuras, uma estridente e verborrágica horda de detratores diz que o técnico não serve para o "tamanho do São Paulo", e PRECISA ser chutado imediatamente do comando.
Após míseros 10 jogos - e menos de 10 meses de trabalho!
(Quase) alheio à onda raivosa, Luis Zubeldía preserva admirável estoicismo. Corajoso, aguenta o tranco do tsunami das críticas, muitas injustas e improcedentes. Sensato, segue o plano e a planilha para suportar o insano calendário (4 jogos em 9 dias!). Leal, blinda os jogadores. Solitário, assume as responsabilidades. Mais uma vez, foi essa a postura na coletiva após o importante empate sem gols contra o rival no Allianz Parque.
Atitude diametralmente oposta àqueles do topo da cadeia decisória do clube. Omissos, se escondem em recadinhos de terceiros. Covardes, hesitam em cravar convicções. Minúsculos, fogem do obrigatório compromisso de gerenciar.
Mais do que estoicismo, trabalho e sorte, Zubeldía também vai precisar - e muito! - dos resultados para seguir sua boa caminhada no Clube da Fé.
Que assim seja.
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Variações. Com o elenco reformulado e a chegada de peças para o time titular, tornou-se imperativo ao treinador conjugar o verbo “experimentar” em 2025. Testar variações táticas e formações diferentes, colocar jogadores em outras posições, etc.. É o que Zubeldía está fazendo, como mostra a escalação com 3 zagueiros e 3 atacantes no clássico do domingo (16), entre outros ensaios realizados nesse ano (Oscar de segundo volante, tripé no meio-campo…). A exemplo de todo e qualquer técnico (ainda) jovem, o argentino erra. Porém, jamais pode ser acusado de não tentar.
Rafael (do novo!). É goleiro de jogo grande, mesmo. Mais uma vez, o camisa 23 fechou a porta no Choque-Rei, com pelo menos uma defesa sensacional e outras intervenções fundamentais.