#28 | Oscar e o perdão que (ainda) não veio
Na coletiva de apresentação, nada de mea-culpa
Em 18 de dezembro de 2009, Oscar entrou na Justiça contra o São Paulo, iniciando litígio que duraria 2 anos e 6 meses. Um processo com muitas idas e vindas, batalhas de tribunais, liminares, empresários, advogados e acusações.
Em 24 de dezembro de 2024, o São Paulo anunciou a contratação do meia, mais uma vez com participação decisiva da torcida, que, a exemplo do que fizera com Lucas, invadiu as redes sociais de Oscar e da esposa para pedir o retorno ao Morumbi.
Nos 15 anos que separam a saída da volta, o jogador pouco se manifestou a respeito do imbróglio, jamais acenou por algo próximo de um pedido de desculpas e raramente mencionou o clube de maneira abertamente afetuosa, com um horizonte de reaproximação ou reconciliação.
Via de regra, referências carinhosas e gestos de regresso foram destinados ao Internacional, agremiação que o contratou após a briga com o São Paulo, e na qual o meia conquistou dois Gaúchos e uma Recopa Sul-Americana.
Nesta terça, 14 de janeiro de 2025, Oscar foi oficialmente apresentado pelo clube que o formou. Na coletiva em que parecia visivelmente ressabiado, não houve perdão, tampouco mea-culpa. Uma entrevista no diapasão tímido e monossilábico de sua personalidade.
Na melhor pergunta, do ótimo Gabriel Sá, sobre se a conturbada saída o assombrava e se ele achava que devia justificativa ao torcedor, Oscar ofereceu resposta tão inócua quanto disparatada:
“Acho que isso nunca me assombrou. Não tenho mágoa, o torcedor sempre me tratou com carinho desde a época que eu saí. Estou voltando com um carinho enorme da torcida por mim. Espero retribuir esse carinho, mostrar meu melhor futebol e fazer grandes jogos pelo São Paulo e, consequentemente, ganhar títulos por aqui”.
A despeito da insuficiência de palavras de perdão e gestos de afeto, Oscar está certo em uma coisa: de fato, não há no Brasil torcida tão caninamente fiel e devota aos ídolos quanto a do São Paulo Futebol Clube.
A torcida que conduz é a mesma que abraça incondicionalmente seus históricos jogadores, em recíproca única e incomparável entre todos os times do país. Não há relação tão fraterna e inquebrantável quanto essa no futebol brasileiro. Que o digam Rafinha e Nestor, para citar os últimos que partiram do Morumbi.
O tempo dirá se Oscar é digno da torcida que o absolveu e o recebeu de braços abertos.
Mesmo que ele (ainda) não tenha pedido perdão.
Ótimo!