#14 | O passe de 10 no gol redentor dos reservas
Liziero faz a mágica acontecer em vitória nos estertores
O pé esquerdo afaga a pelota vinda do passe de Rato. Amortece com o lado interno, cutuca com o lado externo, projetando a redonda à frente das pernas, para possível lançamento. O corpo se ajeita, enquanto a cabeça se levanta para esquadrinhar o horizonte.
O cérebro percebe movimentação de companheiro na esquerda, rasgando a área adversária. A canhota, então, executa passe diagonal e milimétrico, arco perfeito rumo ao alvo certeiro.
Jamal Lewis mergulha em peixinho corajoso, colocando a bola no ponto para André Silva fustigar com a perna esquerda.
São Paulo 2 x 1 Athletico-PR, 43 minutos do segundo tempo.
O gol redentor dos reservas incendeia a loucura no Morumbi.
Do afago ao “pife” para o norte irlandês, pouco menos de 2 segundos.
O passe de camisa 10 das antigas coroa exibição monstruosa de Igor Liziero.
Aos 21 minutos, entrou no jogo com a difícil tarefa de substituir Luiz Gustavo, lesionado. Mais do que dar conta do recado, o meio-campista Made in Cotia domina ações defensivas e ofensivas, reativando na torcida memórias de encanto e alegria por seus primeiros passos no time profissional, lá em 2018.
Que seja um passe terapêutico de cura para o inegável talento de Liziero brilhar com toda a potência e a regularidade que ele merece.
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Alisson. Emocionante, surpreendente, fundamental. Ainda que somente por alguns minutos, embora essenciais para a vitória (roubada de bola para o segundo gol!), a volta do volante coração e faz-tudo ao meio-campo do time é a nota mais bonita da noite. Você merece tudo, Alisson. No vestiário, imagens da SPFC Play captaram Rafinha exaltando o retorno do camisa 25, bem como a importância dos reservas:
“Zubaloco”. Uma reflexão ao ver o festival de vídeos e fotos da explosão insana de Zubeldía com o gol da vitória. Há uma urgência em viver intensa e apaixonadamente cada segundo da peleja, como se fora ele um dos 11 em campo. Talvez pelo destino ter lhe retirado justamente a vivência de jogador de forma tão brutal e precoce, aos 21 anos. É bonito ver a energia e o fogo de um técnico ao longo dos 90 minutos. É bom demais chamar Luis Francisco Zubeldía de nosso.

O abraço de André. Calleri vai cumprimentar o camisa 17 pelo gol da vitória, e o carinho se inverte: é o reserva quem “consola” o centroavante titular, como se generosamente oferecesse ao camisa 9 um pouco de conforto pela fase ruim. Gesto bonito.
Luciano & Lucas. Para aqueles que vociferavam e ainda vociferam sobre os dois atuarem juntos, a péssima notícia é que agora estão se tornando arroz e feijão, queijo e goiabada, amendoim com cerveja. Sintonia total.
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